sexta-feira, abril 06, 2012

Ataque dos 100 gols

De 1921 a 1926, o Santos fez campanhas fracas no Paulista, mas foi neste período que começou a se formar o ataque dos 100 gols. Com uma base composta principalmente por jogadores jovens, o time não conseguiu conquistar seu primeiro título estadual, mas se tornou recordista em média de gols marcados em uma única edição da competição: foram 100 em 16 jogos, com a impressionante média de 6,25 gols por jogo. A incrível linha de ataque era formada por Araken Patusca, Siriri, Camarão, Feitiço e Evangelista.

“O Santos comemora grande fase no Paulistão deste ano e pode chegar ao título diante do Santo André. Para homenagear a torcida Alvinegra, a coluna relembra uma campanha espetacular no certame promovido pela Associação Paulista de Esportes Atléticos. O futebol, em 1927, ainda era considerado amador e os santistas, naquele ano, disputaram com chances reais de título a competição, que passou a reunir catorze clubes, devido ao crescimento da Liga de Amadores de Futebol, a LAF, organizadora também de outro campeonato, por iniciativa do Paulistano, no ano anterior
Na estreia com o jovem Araken Patusca, de 20 anos, em noite inspirada, o quadro peixeiro na Vila Belmiro, goleou o Ypiranga. Os comandados de Urbano Villela Caldeira Filho, diretor de esportes da época, foram a campo para cumprir bom papel, mas exageram na goleada por 12 a 1. Araken brilhou com sete gols anotados e deve ser destacado Feitiço, então com 26 anos, autor de dois tentos. Marcaram também outros integrantes do poderoso ataque: Camarão e Evangelista, com um gol cada. Hugo anotou o outro tento e Grané II diminuiu. O pota-direita Omar, pelo noticiário de A Tribuna, naquela noite, jogou bem, embora sem gol marcado
Naquele campeonato, foram várias as goleadas: Barra Funda (11 a 2), Alpargatas (9 a 3), República (10 a 2), Guarani (10 a 1) e Corinthians (8 a 3). Em apenas 16 jogos, o time assinalou cem gols e entrou para a história, com a média de 6,25 tentos por partida. Ficou com o vice-campeonato e o Palestra, campeão, assinalou oitenta e nove, sendo três deles, dentro da Vila, na decisão contra o Santos (3 a 2), em um clássico tumultuado, com inúmeras críticas à arbitragem
O Santos na estreia de 1927, jogou com Tuffy, Bilu e Américo; Hugo, Júlio e Alfredo; Omar, Camarão, Feitiço, Araken e Evangelista. O Ypiranga perdeu com Júlio; Zacca e Gudes; Japonês, Rafael e Barão; Jardim, Grané II, Tomazini, Picceli e Vicente. Apitou Américo Bertolini
Omar, Camarão, Araken, Feitiço e Evangelista levaram o Santos a uma campanha extraordinária naquele ano de 1927. Vale ressaltar alguns dados sobre eles. Começamos por Omar Pupo de Moraes, o ponta-direita revelado pelo Brasil FC, autor de vinte e quatro gols em 144 jogos com a camisa dos santistas. Aníbal Torres, o Camarão, foi versátil e podia atuar, tanto na ponta-direita, como na meia, ou no comando do ataque. Anotou cento e cinquenta gols em duzentos e setenta partidas. Araken Patusca marcou cento e setenta e sete tentos em 193 jogos. Conquistou o título estadual de 1935 com a camisa do time de Vila Belmiro, sob o comando do técnico Virgílio Pinto de Oliveira, o Bilu, zagueiro da equipe de 1927. Teve destaque também em uma excursão do Paulistano ao exterior e recebeu o apelido de “Le Danger” (O Perigo), concedido pela imprensa francesa, em 1925. João Evangelista, ponta-esquerda, marcou cinquenta e cinco tentos em 123 partidas. O goleador Luis Matoso, o Feitiço, assinalou duzentos e treze gols, em 151 jogos, mas “pisou” na bola, ao desafiar Washington Luis, então presidente da República, no amistoso entre paulistas e cariocas em 1927. Ele e o goleiro Tuffy não permitiram a cobrança de um pênalti para o time do Rio e foram punidos, tanto pela Confederação Brasileira de Desportos, como pelo Santos. Não jogaram a partida decisiva contra o Palestra Itália, na Vila Belmiro. O arqueiro transferiu-se para o Corinthians e Feitiço seria perdoado no ano posterior pela diretoria santista”

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