segunda-feira, abril 30, 2012

Análise Filosófica


              Hoje em dia, não há praticamente ninguém que aja como Sócrates agia, que acredita que toda a pessoa é capaz de usar a razão para entender as verdades filosóficas e, por isso, afirma que o diálogo hábil e rigoroso é o melhor método para obter conhecimento, pelo contrário, cada vez mais há instrumentos para aumentar o déficit de conhecimento e de inteligência.
            Comparo os Diálogos de Sócrates , com a droga NZT-48 no filme “Sem Limites”, de Neil Burger. Sócrates tinha a intenção de fazer com as pessoas aquilo que a droga fez com Eddie Morra no filme, aumentando e estimulando a mente completamente.
            Algumas pessoas gostariam de comparar Sócrates a um revolucionário socialista. Eu não, pois apesar de Sócrates se relacionar com pobres e não gregos, assim como políticos e pessoas com propostas comunistas, a diferença é que ele não tinha o propósito de derrubar governos e sim mudar a visão de mundo dos atenienses, principalmente dos jovens.
            A Internet está fazendo o papel contrário ao de Sócrates, apelando para o humor e para a luxúria, encarecendo o conhecimento da população. Assim como Sócrates confrontava os sofistas antigamente, algumas pessoas cultas que acreditam no conhecimento individual combatem os sofistas de hoje, como políticos e advogados que falam daquilo para que são pagos. Cada vez mais há instrumentos que estimulam os impulsos e os sentimentos, almas que pertencem ao mundo sensível.
            O Mito da Caverna é uma alegoria válida, atual em qualquer época. Em qualquer sociedade há aqueles que detêm a inteligência e o poder, que moldam a verdade através da internet, televisão, dos jornais e livros, e se não é desse jeito, é dificultando o acesso à cultura, pois quando a cultura é democratizada, a população começa a ter um senso crítico a respeito de tudo, inclusive do governo.
            Podemos ver com o projeto SOPA, Stop Online Piracy Act (Lei de Combate à Pirataria Online), onde a desculpa é que piratear músicas, vídeos, etc. é errado. Acho que estão errados, pois esse é o método em que as classes sociais inferiores, que são a maioria, têm acesso à cultura.
            Aqueles que no Mito da Caverna enxergam as sombras dos objetos são aqueles que hoje não têm acesso direto à cultura. As sombras projetadas na parede são as coisas que percebemos que pensamos, que é a essência da coisa. As correntes são nossos preconceitos e opiniões, são aquilo que vemos e achamos que é a verdade, mas que na verdade é uma ilusão.
            Aquele que sai da caverna é aquele que reflete, critica e analisa a realidade em que vive. Hoje em dia há pouquíssimos filósofos como o homem que sai da caverna para ver a essência da verdade. O sol é a luz da sabedoria, assim que o homem sai da caverna sofre pois o conhecimento traz a libertação de conhecer a verdadeira realidade e traz também o tormento, como quando o filósofo não conseguia enxergar, devido ao choque de realidade.
            Mesmo sendo muito doloroso, o homem persiste em conseguir enxergar a verdadeira realidade, o mundo iluminado pela luz da sabedoria. Após voltar da realidade, ele quer compartilhar esse sentimento, querendo convencer os companheiros de que tudo o que eles viram era uma ilusão. Não é de se espantar que eles fiquem em dúvida, pois a estrutura, tudo o que aquelas pessoas tinham visto durante a vida inteira seria mentira, ilusão.
            Um bom exemplo prático do Mito da Caverna é na Idade Média (período entre 476 d.C. e 1453). Naquela época quem projetava a sombra era a Igreja, o clero, em tudo, no pensamento, na política, na cultura e até nas guerras, organizando as Cruzadas. A diferença é que ela não deixava ninguém “sair da caverna”, cobrando indulgências e executando hereges em fogueiras e forcas.

            O filósofo que, analisando, refletindo e questionando sobre as sombras, as realidades, que na Idade Média era a Igreja, se libertou das correntes e algemas para sair da caverna e ver a luz da sabedoria, o mundo iluminado por ela, a realidade, foi Martinho Lutero, líder do movimento protestante.
            Lutero era monge na Alemanha, e assim como todos na época, via as sombras projetadas pela Igreja. Então, analisando melhor a Bíblia viu que algo estava errado, queria saber o motivo de a Igreja cobrar indulgências. Acreditava que a salvação não se consegue apenas com boas ações, mas como um presente de Deus, recebida apenas pela graça através da fé em Jesus como um redentor do pecado de acordo com o versículo de Efésios 2:8 que diz “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus.”
            A partir daí, ele se liberta das correntes e entra na realidade iluminada pelo sol do conhecimento adquirido por ele. Imediatamente ele vê que precisa compartilhar isso com seus companheiros. A diferença do Mito da Caverna é que Lutero, através da sua tradução da Bíblia para o alemão democratizou a verdade, derrubando a Igreja católica, consequentemente convencendo várias pessoas.             Outra diferença é que ninguém matou Lutero, talvez por causa de seu enorme apoio popular.

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